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PROFESSOR DA FARMACOLOGIA LIDERA PESQUISAS COM CALMANTES E TRATAMENTO NA DEPENDÊNCIA DE DROGAS

A neurobiologia das drogas consiste no aumento da concentração de dopamina, neurotransmissor envolvido nas sensações de prazer. Os benzodiazepínicos, entre os quais o mais famoso é o Diazepam, mostraram ser capazes de bloquear a dopamina. Segundo a pesquisa feita na UFPR, o medicamento promoveu no cérebro dos ratos o efeito de baixar a liberação da substância.

O professor do departamento de farmacologia de UFPR, Cláudio da Cunha, responsável pela pesquisa, explica que a dopamina tem várias funções no cérebro. “Ela manda para o cérebro se o que a pessoa está fazendo era esperado ou teve consequências melhores ou piores. Quando é melhor, os níveis de dopamina aumentam. Quando é pior, eles caem.” As drogas de abuso, segundo ele, provocam a liberação de dopamina sem o cérebro ter necessariamente o que esperava. “É uma armadilha. Se a droga for fumada ou injetada, vai chegar mais rápido ao cérebro e causa aumento na liberação da dopamina.”

O pesquisador afirma que os tratamentos contra dependência existentes hoje, tanto de natureza psicológica quanto de farmacológica, têm eficácia baixa porque só 25% dos usuários de crack e cocaína deixam de usar a droga de novo, no prazo de dois anos.

O problema é que os antipsicóticos, usados no tratamento, bloqueiam a dopamina e têm como efeito colateral uma apatia profunda. “Os remédios fazem os pacientes perderem a vontade de tudo, por isso não é o tratamento ideal. Não à toa as drogas são um problema social, e o vilão é o descontrole na liberação de dopamina. O que se busca é o controle sobre isso, o meio termo”, diz Cunha.

Nos testes, os pesquisadores da UFPR utilizaram um sensor muito pequeno – mais fino do que um neurônio – para mensurar os efeitos do uso do diazepan. A expectativa era de que o medicamento fosse aumentar a liberação da dopamina, mas surpreendentemente ele causou uma diminuição. O diazepan é uma droga usada em tratamentos contra a ansiedade e tem a vantagem de ser “segura” e “não tóxica.”

As pesquisas mostraram que os efeitos colaterais do uso do calmante são pequenos, se comparados ao uso de drogas. A principal consequência, entretanto, é que o medicamento pode causar uma dependência. Por isso, os pesquisadores testarão agora uma outra droga, a progesterona.

A próxima fase da pesquisa prevê testes em pacientes internados por dependência de uso de crack e cocaína. O objetivo é reunir 60 pessoas, que serão voluntárias, para testar como a progesterona responde à liberação da dopamina. Metade dos pacientes receberão doses da progesterona e outra metade, um placebo. Serão dois meses de tratamento e um monitoramento que vai durar dois anos para analisar as recaídas.

O pesquisador reforça que o resultado da UFPR apresenta apenas um indício da eficácia do uso do diazepan. “Não estamos sugerindo que ninguém use esse tratamento. Quem vai dizer se ele é ou não recomendado é a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), depois de olhar os resultados. Até lá ninguém é indicado a usar, até porque o diazepan tem uso controlado. O máximo que a pessoa pode fazer é conversar com seu médico.”

Com informações do Projeto #Colabora

Claudio Cunha, Foto Marcos Solivan/UFPR

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